Hoje sou professora da rede estadual - Currículo ( séries iniciais ).
Nascí, vivo e trabalho em Porto Alegre. Sou casada e tenho uma filha de 5 anos, que preenche os meus dias de alegria e felicidade.
Gosto de passear, brincar com minha filha, andar de bicicleta, ouvir músicas, cantar, caminhar pelos parques e olhar as pessoas, observar seus rostos , olhar as ruas, os prédios antigos ... enfim, gosto de morar em Porto Alegre.
Adoro cozinhar, fazer panquecas, lazanhas, pudins, bolos de chocolate ... e ao mesmo tempo tento sempre emagrecer. O que me parece ser bem difícil de conseguir.
Onde trabalho: Na minha escola, observa-se que 50% dos alunos, residem no bairro da escola e outros 50% residem em bairros vizinhos e distantes da escola. Os pais escolhem nossa escola, baseados em necessidades familiares, ou seja, proximidade da residência e do local de trabalho dos pais com a escola, por recomendação de amigos ou pelo interesse de manter os filhos longe do convívio do seu local de moradia (por medo da violência, drogas ... ) . Nossa escola é limpa, organizada, bonita e agradável. Ela é um espaço de interação onde as crianças não só tem acesso aos diversos setores, como também, lhes é proporcionado momentos de conversa sobre diversos assuntos.
Por que me tornei professora : Fiz o 2 ° Grau - no Colégio São Pedro, após terminar o 3° ano, comecei a trabalhar numa firma de comércio de rolamentos, trabalhava no setor financeiro, com pagamentos de títulos, cobrança, emissão de Notas Fiscais, borderôs, listas de preços, etc ...
Três anos após concluir o 2° Grau - por influência de minhas primas e tias - que são professoras - fiz o Magistério especial - só didáticas e estágio, no Colégio Cruzeiro do Sul. Concluí o curso, fiz estágio na Escola Municipal Décio Martins Costa - peguei uma 1ª série.
Gostei muito do curso, fiquei motivada com o magistério e logo depois de concluir o estágio, fiz o Curso de Educação Infantil - para professores de Jardim da OMEP - na época era no Colégio Rosário.
E continuei trabalhando no comércio, por mais de uma década, mas durante este tempo nunca me afastei das crianças. Trabalhei como voluntária num Albergue da Ilha Grande dos Marinheiros, por mais de 15 anos. As crianças que lá chegavam iam em busca do prato de comida e nós tentávamos lhes dar algo mais. Havia um trabalho de recreação, com músicas, brincadeiras, festas ( Páscoa, Dia da Criança, Natal ...) atividades com argila, massa de modelar, desenho e pintura ) O conteúdo era hábitos de higiene, alimentação, saúde, palavrinhas mágicas, respeito e amor a natureza, 'as pessoas, animais, plantas ... O intuíto era trazer alegria aquelas crianças tão sofridas e carentes. E como ao ensinar sempre se aprende, com aquelas crianças aprendi a valorizar as pequenas coisas do dia a dia. Coisas que de tão comuns que são para nós - já nem notamos a sua importância. Por exemplo: abrir uma torneira e beber água - abrir um chuveiro e tomar banho, ter uma roupa limpa para vestir. Lembro que alugamos um ônibus e levamos as crianças para passear no Parque Marinha do Brasil - era um dia quente. Elas enlouqueceram com os chuveiros do parque - é claro que tomaram banho de roupa e tudo ! A
maioria das casas não tem luz e água nenhuma têm. Lá passa o carro-pi
pa, que coloca água em caixas d"águas colocadas a céu aberto na frente das casas.
Lembro com carinho e alegria daquele trabalho, que hoje não realizo mais.
Mas, chegou o dia em que passei pela porta da decisão e fiz concurso para o Magistério do Estado, passei e agora sou professora. Sou feliz
como professora, acho que é uma tarefa importante, porque os alunos sempre refletem o que somos . Por isto é necessário estar sempre atentos e vigilantes, o que falamos, fazemos marca a personalidade de cada um.
No texto do José Saramago - O Conto da Ilha Desconhecida - têm uma passagem muito interessante. Quando o Rei está conversando com o homem, surge este diálogo, que nos mostra quem é o sujeito, de fato importante nesta relação de aluno e professor :
O Rei orgulhoso fala do grande número de barcos que possui e o homem lhe diz : - Mais lhes pertencerás tu a eles do que eles a ti.
Como o Rei não entendeu, ele explicou: - Que tu, sem eles, és nada, e que eles, sem ti poderão sempre navegar.
Aí lembrei do nosso ofício de professor. O professor sem alunos é nada !
Os alunos sem professor, sempre poderão aprender e buscar conhecimento.
Gostei de ler este conto, ele fala de sonhos, persistência, de luta, de medos, da busca de sonhos e do encontro de outras coisas diferentes daquilo que se busca. Faz uma crítica 'a burocracia e ao poder.
Hoje como professora, sou flexível, sigo o currículo, mas sempre tenho várias atividades, preparadas, que são passadas para os alunos de acordo com a motivação do dia e interesse. Tenho ousadia para inventar e criar atividades com músicas, pinturas, fazer brinquedos com sucatas, fazer teatro, jogos .... enfim acho que ser lúdico é vital ! Quando se aprende brincando, nem percebemos que estamos aprendendo !
Tenho medo do futuro, desta crise social e econômica que está aumentando cada vez mais a concentração de renda no mundo, tornando os ricos, cada vez mais ricos e jogando os pobres para a linha da miséria.
Hoje andamos com medo nas ruas, colocamos cada vez mais grades e alarmes em nossos carros e casas. Isto resolve o problema ? Claro que não ! A violência, esta crise social, econômica e moral, de uma forma ou outra acaba entrando em nossas casas.
De fato ser professor e poder contribuir para mudar toda esta estrutura e assim gerar uma sociedade que seja ética, que tenha compaixão e respeito por todos os seus representantes. Criar uma mentalidade de cooperação mútua, de amparo e respeito por todos os seres vivos.
Quero dialogar sobre a psicologia infantil, sobre novas didáticas, técnicas de artes, desenho, teatro e músicas.
Acredito que agora vocês já sabem melhor, quem sou eu !!!
